24 de set. de 2018

Introvertida

Demorei a me assumir introvertida, até porque eu nem sabia bem o que era isto. Sabia que era um tanto diferente, que sempre gostei (e precisei) de ter meu tempo sozinha, de gostar do silêncio, de ter um mundo interno enorme e complexo. O que me intrigava é que nunca pude me considerar tímida. Não tendo ansiedade social, nem ódio pelas pessoas, ficava a pergunta: afinal, o que eu sou?
No Brasil, são quase inexistentes os espaços virtuais onde se fale, apropriadamente, dos introvertidos e para isto serviu o tempo que eu tinha Facebook: descobrir o que é a introversão, saber que existem pessoas como eu e me divertir com isso (muitos cartuns!).
Para quem não sabe, os cérebros funcionam de diversas maneiras e o nosso, dos introvertidos, tem basicamente esta característica: muitos estímulos nos sobrecarregam, drenam nossa energia. Tem a ver com o funcionamento da dopamina e da acetilcolina (leia aqui), entre outras coisas. Então é uma característica nossa. Não é um defeito, não é "algo a se superar". Imagino que os tímidos, com ansiedade social, tenham vergonha de serem assim. Eu, como introvertida, gosto de ser assim: é agradável, calmo, tranquilo.
Eu não quero que as pessoas sejam como eu e, acho, nem preciso que entendam muito (seria bom, mas...), quero é RESPEITO!
Então:
  • Não, eu não detesto pessoas, sou é muito seletiva e fico confortável com um pequeno grupo de amigos e desconfortável em multidões barulhentas e desconhecidas.
  • Sou contemplativa e adoro ficar no meu canto, não estou esnobando ninguém, nem gosto menos de vocês por não ir às suas festas. Minha lógica é: menos pessoas, mais profundidade.
  • Sim, o barulho, o excesso de agitação e conversas superficiais me perturbam. Tudo o que eu penso é em fugir de ambientes assim.
  • De novo, não é que eu não goste totalmente de interações com muita gente, ocasionalmente, (sou/fui intérprete e professora, afinal) só que depois disto, pre-ci-so de um tempo mais particular para recuperar meu nível de energia.
  • Não quero que extrovertidos virem introvertidos, aliás, não quero que ninguém vire nada que não queira (não prejudicando ninguém), quero é que vivamos com RESPEITO mútuo. Isso já seria uma senhora evolução neste mundo!


4 comentários:

  1. Como tu, também exijo o respeito que, aliás, todos devem merecer! Não sou de badalações, festas, sou apenas família! Uma linda semana, no silêncio que gostas de ter! bjs, chica

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  2. I understand what you say. I’m introvert, too! There was a time I tried to be extravert but realized it was not for me. I’m comfortable being introvert and don’t have to feel sorry about it :-)

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  3. Cris, muito interessante sua postagem. E mais interessante é que eu me descobri "introvertida'. Todos os itens listados sou eu, do fio de cabelo ao dedão do pé. Já me chamaram de antissocial na escola onde trabalho por não participar das confraternizações. Também não vou às festas de aniversário (nem dos familiares próximos), casamentos.... Detesto multidão e barulho. O que mais gosto? Ficar em casa, no meu refúgio maravilhoso. Quando a nossa casa do sítio ficar pronta, me mudo de vez pra lá...rs...
    Um abração e grata pelas informações.

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    1. Pois é, Isabel, pouco se fala disso no Brasil. Talvez porque, em geral, se estereotipou o brasileiro como extrovertido. Eu, por muitos anos, tentei me entender. "Quietinha, esquisita, estranha, esquizóide" etc. muitos rótulos me foram aplicados. Até eu mesma fiquei pensando se eu não tinha uma forma leve de alguma síndrome, sei lá. Daí encontrei pessoas falando sobre sua introversão e me identifiquei, como dissestes, "do fio de cabelo ao dedão do pé". Minha felicidade aumentou ao me descobrir e me entender melhor. Também sonho com o dia em que eu possa me mudar para um sítio.

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É muito bom ler outras pessoas participando aqui mas, por favor, eu também quero comentar: retirem a verificação de palavras do blogue de vocês!
Obrigada!