Acho a primavera e o outono as estações mais lindas e agradáveis do ano. E penso que da vida também...
É estranho como consigo ver meu envelhecimento de uma forma distanciada, não me apavoro, como algumas pessoas, com os cabelos brancos, a pele menos flexível, o metabolismo (bem) mais lento.
Não é a coisa mais maravilhosa do mundo, mas também não é horrível. Faz parte da vida.
Com a pré-menô algumas características desta fase se acentuam, especialmente no que diz respeito à elasticidade da pele. Fora isso e o corpo mais lento, tem sido uma época muito boa de minha vida, de um equilíbrio que me faltou na juventude. Vejo os acontecimentos com muito menos drama, mais espera, menos impaciência. Começo a ver rumos a tomar e tenho muito o que fazer e espero ter saúde para isso. Eu sempre digo que quero ser uma velha digna!
E velha mesmo, não gosto de eufemismos. Quem dá e faz o poder das palavras somos nós. E digna, pra mim, significa, alguém que se cuida sem ser obsecada, perua ou sem noção buscando uma juventude que já passou. Alguém que aceita e curte a sua fase. Alguém que ainda tem sonhos, planos e se mexe para realizá-los. Alguém que tem prazer na vida. E, principalmente, alguém que não acha que só porque viveu mais anos do que outras pessoas é mais sábia ou esperta por causa disso.
Sempre gostei de gente idosa. Na juventude cheguei a fazer alguns trabalhos voluntários em um asilo. Interessante como eram 80 a 90% das mulheres as mais animadas. A maioria dos homens correspondia ao estereótipo de quem "espera a morte", de pijama, ouvindo radinho e sem ânimo pra levantar da cama. Em compensação a mulherada adorava uma cantoria, música, artesanato e não se encolhiam diante da vida, iam à luta, como podiam, verdadeiras guerreiras! Até a minha mãe, que morreu jovem, mas se achava velha, brincava de skate com meu sobrinho! Lembro, até hoje, dela colocando o vestido entre as pernas, sentando no skate (pensavam que era em pé? Nem tanto, né?) e descendo uma lombinha que tinha na casa.
Não dá é pra ser rabugento, arrogante e, uma coisa que notei em algumas pessoas: se esquecer de como se ri e sorri. Vejo algumas (muitas) pessoas de mais idade que simplesmente não sorriem!!! Além da postura a falta de sorriso é o que mais me impressiona. Não deixa de ser uma lição: cultivar o sorriso e não envergar.
É uma nova aventura, envelhecer com dignidade. Sem preconceitos, sem piedade, sem mitificar (o velho sábio) ou menosprezar (o velho inútil), mas viver a vida que nos foi dada até a última gotinha, da melhor forma que nos for possível.
E VIVA O OUTONO!