Hoje faz 4 anos que cheguei em Santa Maria. Saí de Porto Alegre quase à noite, depois de trabalhar manhã e tarde em um sábado. Meu sobrinho dirigindo, meu amigão Cláudio (parceiro das trilhas de caminhadas) no banco do carona e eu e a Mel, no banco de trás.
Mudança? Um pequeno reboque com minhas roupas, algumas panelas, meus livros (o maior peso) e um colchão emprestado do meu sobrinho e que, na chuva (chuva??? Tempestade isso sim!) noturna insistiu em sair da lona impermeável, na qual estava enrolado, para se balançar ao vento e...molhar. Detalhe importante: desempregada, com a esperança de ser chamada logo no concurso para a universidade.
Aluguei um mês na casa dos fundos da irmã do Cláudio (na foto acima, ficaria bem abaixo do balão), bairro longe, mas muito bem servido de ônibus.
No mês seguinte, me mudei para um apartamento, da sobrinha do Cláudio, um pouquinho mais próximo da cidade, em um conjunto residencial bem simples, mas muito bom, na beira da estrada. Muito campo, sons ao longe e, de vez em quando escutava o toque de alvorecer dos quartéis. Foi ali que achei a Benta, no estacionamento de brita do supermercado que ficava quase em frente, do outro lado da BR (é, eu morava bem na faixa federal).
Demorou quase um ano para que eu fosse chamada no concurso. Neste meio tempo, época de dureza, reservava o dinheiro do aluguel e o resto era bem controladinho. Nunca fui consumista, então não foi a coisa mais horrível do mundo, mas foi bem difícil. O que eu mais temia é que o dinheiro ia, ia e nada entrava. Trabalhar como intérprete de língua de sinais era muito mais fácil em Porto Alegre. Chegou um ponto em que eu estava pensando em fazer qualquer coisa, pegar uma vaga de comércio, sei lá. Quando eu consegui um trabalho interpretando para alguns surdos na universidade, fiquei só um mês, porque finalmente me chamaram para a vaga do concurso. Ufa! Durante este tempo eu só comprei o fogão e a geladeira. Não quis (nem podia muito) comprar móveis já pensando em uma mudança. Na imagem acima, mostra os prédios do centros, emoldurados por um dos belos morros de Santa Maria (algo que vou sentir saudades, adoro morros, montes, montanhas).
Tomei posse, comecei a trabalhar e a vida começou a mudar drasticamente. Aluguei um apartamento bem central, enOOOrme, mais enorme ainda porque eu não tinha móveis *hehehe*, adotei a Clara Francesca, finalmente comprei uma cama e um roupeiro e curti muito a maravilhosa vista que eu tinha dos morros. Tudo foi melhorando, eu tinha mais cabeça para trabalhar na tese (quem lembra de tese quando está desempregada?), e comecei a pensar no sonho de todo brasileiro: a casa própria! Como servidora pública, então, tenho direito a algumas facilidades de financiamento, por exemplo, até determinada quantia, não precisar dar entrada (que eu não tinha mesmo) e financiar 100% do imóvel. Meio na brincadeira, na manha, fui visitando imóveis populares e depois de quase 3 meses encontrei um apartamento bem simples, mas que estava muito bem cuidadinho pela proprietária, pequeno, mas bem distribuído e que estava dentro do valor que eu podia financiar. É o lugar aonde eu moro agora. Na foto (acima), vocês visualizam um telhado em U, é a rodoviária, numa das entrada da cidade. Eu moro bem pertinho, dividindo a foto em 4 partes, seria a parte superior direita, perto de um telhado em forma de asa delta (é uma igreja).
Pensava que ia me aposentar aqui...
A vida é uma caixinha de surpresas e no meio deste ano me foi oferecida uma permuta com uma professora de Pelotas (foto acima: morros tem, mas a uns 30 min da cidade). Aceitei! Gostei bastante de morar em Santa Maria, mas as oportunidades profissionais que Pelotas me oferece são muito tentadoras: uma comunidade surda amigável, um grupo de ILS (intérpretes de língua de sinais) super engajado, interessado e com uma qualidade imensa, uma maior proximidade com a capital, um aeroporto com voos a preços pagáveis (Santa Maria também tem aeroporto, mas as tarifas...só grandes empresários e milionários conseguem arcar) e muitas pessoas que eu conheço por lá e que são humildes e queridas. Enfim, aceitei! Daqui a, aproximadamente, 3 meses devo já estar me mudando, tese entregue e aguardando a defesa de doutorado.
A única coisa permanente é a mudança . Heráclito (500 a.C.)